sexta-feira, janeiro 19, 2018

Why try to change me now

I'm sentimental
So I walk in the rain
I've got some habits
Even I can't explain
Go to the corner
I end up in Spain
Why try to change me now
I sit and daydream
I've got daydreams galore
Cigarette ashes

There they go on the floor
Go away weekends
Leave my keys in the door
Why try to change me now
Why can't I be more conventional
People talk
People stare
So I try
But can't be
'Cause I can't see
My strange little world
Just go passing me by
So let people wonder
Let 'em laugh
Let 'em frown
You know I'll love you
Till the moon's upside down
Don't you remember
I was always your clown
Why try to change me now
Don't you remember
I was always your clown
Why try to change me
Why try to change me now
Fiona Apple

Compositores: Cy Coleman / Joseph Mccarthy Jr.

segunda-feira, fevereiro 22, 2016

Um sopro cálido de amor

... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!

Eça de Queirós - O Primo Basílio

terça-feira, novembro 04, 2014

Permanência

Agora me lembra um, antes me lembrava outro.
Dia virá em que nenhum será lembrado.
Então no mesmo esquecimento se fundirão.
Mais uma vez a carne unida, e as bodas
cumprindo-se em si mesmas, como ontem e sempre.
Pois eterno é o amor que une e separa, e eterno o fim
(já começara, antes de ser), e somos eternos,
frágeis, nebulosos, tartamudos, frustados: eternos.
E o esquecimento ainda é memória, e lagoas de sono
selam em seu negrume o que amamos e fomos um dia,
ou nunca fomos, e contudo arde em nós
à maneira da chama que dorme nos paus de lenha jogados no galpão.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, setembro 25, 2013

A nossa vitória de cada dia

Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer a sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.

(Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres)

segunda-feira, setembro 16, 2013

Novamente

Abaixo a cabeça com o peso das lágrimas que queimam minha pele. Não há motivo para este rio de lava inconsolável. Não há motivo para choro ou tristeza, a não ser os por mim inventados. A criatividade poderia estar focada em algo melhor, não acha?

E ocorre que esta mesma criatividade transforma-me em um ser pesado, esquecido, irritante. E este ser não sou eu. É imagem projetada da dor infundida por caminhos inconfundíveis. Caminhos que prometi não mais trilhar. Caminhos onde não preciso de mapa para me orientar, mas nenhum mapa do mundo me faz sair impune.

Não gosto de voltar a escrever por desabafo. Ainda mais por este tipo de desabafo. Queria escrever por delírio e alegria, sublimação e gozo. Mas hoje escrevo por coisas que não consigo mudar. Novamente.

sexta-feira, dezembro 28, 2012

Ainda assim eu fui feliz

"E mesmo que a última coisa que eu veja na vida seja uma cerca elétrica, ainda assim eu fui feliz."

Essa frase me acordou hoje às três e meia da manhã. Não somente a frase, mas a sensação de morrer de encontro a uma cerca elétrica, correndo, com uma sensação de liberdade, plenitude, e um sorriso nos lábios.

O final feliz de um "filme" longo, que pode ter durado alguns segundos em meu cérebro, sobre a vida. Mais especificamente, sobre a geração da vida, a multiplicação, a transformação. Os diferentes rumos que cada ser humano pode tomar ao longo da vida, da concepção à morte, gerando ou subtraindo oportunidades, momentos, laços, histórias.

Andar, andar, andar e nada encontrar. Correr e estar no mesmo lugar. Olhar para o lado e encontrar um sorriso amigo, um conforto inesperado. O sol da manhã bater no rosto, a chuva fria açoitar as costas. Mãos dadas. Olhos perdidos. Pés descalços. Frios. Quentes. Pequenos. Grandes. Todos os tipos e formas, sempre em frente. Uma multidão de eus, caminhando a esmo, de diferentes idades, histórias, essências, todos frutos de mim. Uns sobrevivem, outros não.

E, ao fim, ver que de mim prolifera vida. Ao olhar para trás, plenitude. E corro, corro, corro. Sorrindo.

terça-feira, agosto 14, 2012

Eu sei

Tanto tempo, tanto empenho, tanta entrega...

But felt so lonely in your company

Um amor etéreo, iniciado em minha alma, sem par...

You can get addicted to a certain kind of sadness

E eu não entendia o porquê, não entendia o porquê...

And I don't even need you love

Amassei tudo como uma bolinha de papel e atirei longe...

Now you're just somebody that I used to know

Acordei atônita, era minha culpa, eu sei...

But had me believing it was always something that I'd done

E eu tive que te arrancar de mim, à revelia...

But you treat me like a stranger and it feels so rough

Queria esquecer, esquecer, esquecer...

Somebody, now you're just somebody that I used to know

Tudo. Tudo. Tudo.

I used to know

(letras tiradas de Gotye - Somebody that I used to know)

Somebody that I used to know


Now and then I think of when we were together
Like when you said you felt so happy you could die
Told myself that you were right for me
But felt so lonely in your company
But that was love and it's an ache I still remember

You can get addicted to a certain kind of sadness
Like resignation to the end, always the end
So, when we found that we could not make sense
Well, you said that we would still be friends
But I'll admit that I was glad that it was over

But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened and that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger and that feels so rough
No, you didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records and then change your number
I guess that I don't need, that though
Now you're just somebody that I used to know
Now you're just somebody that I used to know
Now you're just somebody that I used to know

Now and then I think of all the times you screwed me over
But had me believing it was always something that I'd done
But I don't wanna live that way, reading into every word you say
You said that you could let it go
And I wouldn't catch you hung up on somebody that you used to know

But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened and that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger and that feels so rough
No, you didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records and then change your number
I guess that I don't need, that though
Now you're just somebody that I used to know

Somebody, I used to know
Somebody, now you're just somebody that I used to know
Somebody, I used to know
Somebody, now you're just somebody that I used to know

I used to know
That I used to know
I used to know
Somebody

(Gotye)